Edição de 08-06-2010
Secção: Informação Regional
Idoso de 76 anos condenado por homicídio em Vale de Prados (Macedo de Cavaleiros)
8 anos de prisão por matar ex-GNR
O Tribunal de Macedo de Cavaleiros condenou a 8 anos de prisão o idoso de 76 anos que, em Junho do ano passado, matou a tiro um ex-militar da GNR procurado pela Polícia Judiciária, que durante a noite atravessava a sua propriedade agrícola, em Vale da Prados, armado e encapuzado.
Para além da pena de prisão efectiva, o septuagenário ainda foi condenado ao pagamento de 30 mil euros à viúva da vítima.
Os populares que acorreram à leitura do acórdão, na passada sexta-feira, não conseguiram conter as lágrimas perante a detenção de Elias Fernandes. Apesar de o Ministério Público ter pedido 15 anos de prisão, a sentença foi mais reduzida, mas, mesmo assim, emocionou a assistência, que a considerou dura. “Qualquer pessoa fazia o mesmo se visse alguém na sua terra armado à noite. O morto era procurado pela PJ e GNR, não me parece que andasse a fazer boas coisas”, justificou Guilhermino Santos, um popular que foi ouvir a leitura do acórdão.
No entanto, colectivo considerou várias circunstâncias para decidir uma pena que considerou “especialmente atenuante”, nomeadamente a idade avançada do acusado, que não tem antecedentes criminais e está bem inserido na sociedade. O facto de o homicídio ter ocorrido na sua propriedade, que é vedada, e de o arguido se ter entregue voluntariamente à GNR, foram outros dos motivos que pesaram na redução da pena.
O colectivo explicou que o homicídio é o crime mais grave, cuja moldura penal chega aos 21 anos de prisão, e que a pena aplicada a Elias Fernandes é a “mínima” para manter a segurança na comunidade.
O tribunal deu como provado que o arguido disparou a uma distância de 20 metros, utilizou zagalotes em vez de cartuxos, e dada a ausência de iluminação no campo, não podia ter visto de quem se tratava. Fez-se ainda prova de que a vítima foi apanhada de surpresa e nem sequer teve tempo para tentar defender-se.
Há alguns meses que a família de Elias Fernandes se queixava de que lhe andavam a roubar legumes da horta. Aliás, na noite anterior ao homicídio, alguém cortou o arame farpado dos muros em vários locais.
Pena é a “mínima” para manter
a segurança na comunidade
O crime ocorreu cerca das 23 horas do dia 29 de Junho, decorria a Feira de S. Pedro, em Macedo de Cavaleiros. Elias Fernandes estava a dormir num barracão na horta, uma situação que explicou pela necessidade de começar a regar as culturas durante a madrugada. Disparou um único tiro de caçadeira sobre um vulto, que estava de rosto coberto por um gorro. Mais tarde ficou a saber, pelas autoridades, que se tratava de Álvaro Cruz, 50 anos, ex-militar da GNR procurado pela Polícia Judiciária por suspeita de furto.
Só após o disparo, Elias Fernandes se aproximou do indivíduo que jazia, imóvel, no solo e se apercebeu que este transportava um pau, uma pistola, um alicate e uma chave de fendas. Depois dirigiu-se a casa e pediu à esposa para ligar à GNR, a quem se entregou 45 minutos após o homicídio.
Glória Lopes
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