Oficiais da GNR "conspiram" contra o Inspector-Geral da Administração Interna
Militares dizem-se muito ofendidos
Dezenas de oficiais da GNR reuniram-se quinta-feira à noite num restaurante nos arredores de Lisboa para criticar o juiz desembargador Clemente Lima. O presidente da Associação de Oficiais da Guarda assegura que críticas não correspondem à realidade.
Valentina Marcelino
23:54 Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007
Setenta oficiais da GNR de todo o país, muitos comandantes de destacamentos da guarda, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis juntaram-se esta quinta-feira à noite, num restaurante nos arredores de Lisboa, para criticar o Inspector-Geral da Administração Interna, a propósito das apreciações que este fez sobre estes quadros na entrevista ao Expresso do último sábado.
Clemente Lima manifestou as suas dúvidas quanto à formação militar da GNR e declarou que "alguns oficiais" da Guarda encaram o cidadão "como inimigo".
O encontro foi convocado pela Associação de Oficiais da Guarda, que na última semana tinha criticado duramente estas opiniões do juiz desembargador.
A refeição conspirativa juntou oficiais formados na Academia Militar, os principais alvos das preocupações do Inspector-Geral, e oficiais dos cursos da própria guarda, normalmente sempre em competição nas carreiras.
O jantar terminou perto da meia-noite, depois de um discurso muito duro do presidente da Associação de Oficiais da Guarda (AOG), coronel Ferreira Leite. Este oficial na reserva analisou à lupa a entrevista do inspector-geral da Administração Interna e repudiou todas as críticas feitas pelo juiz desembargador, tendo desafiado Clemente Lima a concretizar as críticas com exemplos práticos, como quantificar as reclamações que existem em relação ao atendimento nos postos da GNR. "Em nada as palavras do sr. inspector-geral da Administração Interna correspondem à verdade", disse este dirigente associativo ao Expresso. "Somos competentes, temos uma formação exemplar e obtivemos os melhores resultados da Europa".
Ferreira Leite diz ter ficado "muito surpreendido por uma pessoa que está habituada a julgar nos tribunais ter feito um julgamento desta natureza, com tanto desconhecimento de causa".
Sobre a preocupação de Clemente Lima em relação à falta de formação em Direitos Humanos, o presidente da AOG sublinhou que "os futuros oficiais que estudam na Academia Militar têm a mesmíssima disciplina de direitos fundamentais, com o mesmo professor, que a ministrada na Faculdade de Direito, onde o dr. Clemente Lima tirou o curso". Em síntese, concluiu, "os oficiais da GNR estão profundamente ofendidos. As palavras do sr. IGAI foram uma ofensa muito grave para nós", afirmou.
0 contributo(s):
Enviar um comentário