sábado, 24 de novembro de 2007

PSD E SINDICATO NACIONAL DA POLÍCIA EXIGEM DEMISSÃO DE CLEMENTE LIMA


PSD e Sindicato Nacional da Polícia exigem demissão de Clemente Lima

As declarações do inspector-geral da Administração Interna estão a dividir opiniões: Se por um lado sociais-democratas e SINAPOL pedem a cabeça de Clemente Lima, por outro o representante da GNR acha que o juiz fez uma "leitura muito clara" da situação vivida na força militarizada.

Pedro Chaveca, com Lusa
20:08 Sábado, 24 de Novembro de 2007

A entrevista dada ao Expresso pelo juiz António Clemente Lima, inspector-geral da Administração Interna, depois de há dois anos e ainda no cargo de Inspector-Geral das polícias ter fiscalizado mais de 200 esquadras e postos da GNR, já suscitou vários comentários. Os mais radicais vieram dos sociais-democratas e do Sindicato Nacional de Policia (SINAPOL) que exigem a demissão imediata de Clemente Lima.

O inspector-geral foi particularmente crítico para as forças da ordem, considerando que muitas das perseguições da GNR são "iniciadas por motivos inadequados" e que há muita intolerância da polícia em relação ao cidadão. "O cumprimento da missão a qualquer preço, por parte dos agentes da autoridade poderá agravar o sentimento de insegurança dos cidadãos", lembrou Clemente Lima. O inspector acusou ainda a GNR e a PSP de sofrerem "carências absurdas" ao nível da formação em direitos fundamentais do cidadão.

Armando Ferreira do SINAPOL considerou estas declarações inaceitáveis e assegurou que o sindicato vai solicitar ao ministro da Administração Interna, Rui Pereira, que tome uma posição sobre esta situação: "O ministro tem de dizer se concorda ou se, tal como este sindicato, não se revê nas declarações do inspector", referiu Armando Ferreira, avançando que o inspector-geral deve ser demitido com a maior brevidade".

Ângelo Correia deixa sugestão

Em defesa desta posição já veio Ângelo Correia do PSD: "O Inspector-Geral da Administração Interna ou se conforma com as leis da República e com as orientações do ministério respectivo ou então apresenta a demissão por manifesta discordância com aquilo que funcionalmente é obrigado a acreditar", declarou à agência Lusa o presidente da mesa do Congresso do PSD.

O social-democrata considerou deplorável a "apreciação errada sobre o que são as forças de segurança, nomeadamente a GNR" e defendeu que nestas matérias Portugal e os portugueses não precisam de ter dúvidas, necessitam apenas de "afirmação e rigor".

José Manageiro, presidente da Associação de Profissionais da Guarda, concorda que Clemente Lima fez uma "leitura muito clara" da situação vivida na GNR.

Segundo o dirigente sindical, não é possível que um sector profissional "sem direitos", seja ele qual for, possa "reconhecer e respeitar os direitos dos outros".

"A excepção e não a regra"

Embora de acordo com grande parte do que foi dito pelo inspector da IGAI, é notório que Manageiro tem uma agenda própria na defesa dos seus objectivos: "O Governo contribuiu muito para este estado em que a GNR se encontra porque não alarga os seus direitos", acusou José Manageiro, que lembrou estar vedado à GNR "o direito associativo".

Rui Pereira, ministro da Administração Interna, da qual depende a IGAI, sublinhou que poderá haver comportamentos menos próprios, "mas essa é a excepção e não a regra", reforçando que quando "essa excepção se verifica o Estado tem os mecanismos necessários para reagir".

Quanto às acusações de "cowboyada de filme americano na mentalidade de alguns polícias, com muito gosto na exibição da pistola" ou na tolerância das muitas chefias em relação a estes comportamentos abusivos, Rui Pereira preferiu olhar para o lado positivo da vida policial e lembrou que na reunião que manteve esta manhã com Clemente Lima o inspector lhe referiu que "qualquer conduta menos própria é a excepção e não a regra", lembrando que o comportamento das forças de segurança "tem melhorado ao longo dos anos".

Fonte clix.expresso.pt

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