domingo, 25 de novembro de 2007

ASSOCIAÇÃO DOS OFICIAIS DA GUARDA REPUDIA DECLARAÇÕES DE INSPECTOR-GERAL DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA


Lisboa, 25 Nov (Lusa) - A Associação de Oficiais da Guarda (AOG) repudia as declarações do inspector-geral da Administração Interna, Clemente Lima, sobre a actuação das forças de segurança e manifesta-se estupefacta com a entrevista deste responsável ao jornal Expresso.

"As acusações feitas pelo senhor inspector-geral às forças de segurança, em particular aos seus elementos, além de denotarem desconsideração e desrespeito pelo trabalho diário destes elementos em prol da segurança de Portugal e dos portugueses, revelam um profundo desconhecimento da realidade", afirma a associação em comunicado.

Os oficiais da guarda consideram que a abordagem de Clemente Lima, leva a conclusões "erróneas e despropositadas", quando "estão em causa valores e instituições pilares do Estado de Direito Democrático e da liberdade dos cidadãos".

"São feitas afirmações que põem em causa, entre o mais, a formação dos oficiais da Guarda e que só se compreendem como reveladoras de um profundo desconhecimento do que têm sido os conteúdos programáticos em vigor nas, nacional e internacionalmente, prestigiadas escolas de formação", lê-se no documento assinado pelo vice-presidente da direcção, o capitão Pedro Miguel Pinto Patrício.

Para a AOG, as declarações de Clemente Lima sobre a natureza militar da GNR, "além de se encontrarem esvaziadas de qualquer fundamentação, atentam contra as políticas de segurança delineadas pelo Governo, sufragadas pela Assembleia da República" e também contra "princípios que norteiam o actual processo de reforma de todo o Sistema de Segurança Interna" em Portugal.

A associação classifica mesmo de subjectivas e levianas as afirmações do inspector-geral, que desafia a apresentar dados objectivos e factuais.

Estes oficiais entendem que a posição assumida por Clemente Lima põe em causa a sua isenção no desempenho das funções que lhe foram cometidas, embora reconheça uma importância fundamental à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) na promoção do respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

As reacções à entrevista de Clemente Lima não se fizeram esperar.

O presidente do PSD defendeu sábado que o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, deveria tirar "consequências" das declarações do inspector-geral sobre as forças de segurança, referindo que José Sócrates terá de reorganizar o Governo.

"Penso que o senhor ministro devia tirar consequências desta entrevista", disse Luís Filipe Menezes, escusando-se a precisar a sua posição, quando questionado pelos jornalistas em Ourique, à entrada para uma reunião com a Assembleia Distrital de Beja do PSD.

Mais peremptório foi o presidente da Mesa do Congresso, Ângelo Correia, para quem ou inspector-geral ou se conforma com as leis da República e com as orientações da tutela ou deve apresentar a demissão por manifesta discordância.

"O inspector-geral da Administração Interna, que depende do ministro da Administração Interna, expressa políticas opostas à do ministério, à do Governo e à da Assembleia da República e recentemente consagradas nesta última instância", acrescentou.

A Associação Sindical Independente de Agentes da PSP-ASG, por seu lado, aplaudiu a "coragem" do inspector-geral e criticou a actuação das chefias hierárquicas, que classificou de "arrogante e prepotente".

"A Associação Sindical Independente de Agentes da PSP - ASG não ficou minimamente surpreendida pela coragem demonstrada pelo inspector, ao denunciar publicamente o que se passa nas forças de segurança", afirma a estrutura em comunicado.

O ministro da Administração Interna rejeitou a existência de comportamentos "menos próprios" das forças de segurança para com os cidadãos, considerando que a existirem são a "excepção e não a regra".

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) encarou, por seu turno, como um alerta ao Governo as declarações críticas do inspector-geral relativamente à PSP e GNR.

Na entrevista ao Expresso, Clemente Lima afirma que "há incompetência a mais na polícia" e "muita cowboyada de filme na mentalidade de alguns polícias".

O Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL) exigiu a demissão imediata do inspector-geral, na sequência das polémicas declarações daquele responsável à actuação das forças de segurança.

"O inspector-geral deve ser demitido com a maior brevidade", disse à agência Lusa o presidente do SINAPOL, Armando Ferreira, sublinhando que esta é a posição unânime da direcção que representa.

Já a Associação de Profissionais da Guarda considera que o inspector-geral fez uma leitura "muito clara" da actual situação da GNR.

"Temos uma leitura muito próxima, já manifestada por diversas vezes, inclusive à tutela", disse à Lusa o presidente da associação, José Manageiro.

AH.

Fonte tv1.rtp.pt

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