09h24m
TEIXEIRA CORREIA E TERESA CARDOSO | JN
Um acidente com uma viatura da GNR provocou a morte do sargento-ajudante Hermenegildo Marques, 42 anos, residente em Évora. O cabo José Branquinho, 50 anos, de Santa Comba Dão, ficou ferido, tendo sido transportado para a Austrália para ser observado.
“Não há palavras, não há lágrimas, que possam expressar a dor, a tristeza e a desolação que vivemos”, disse ao JN um amigo da família de Hermenegildo Marques.
O sargento-ajudante, do Comando Territorial de Évora (CTE), tinha dois filhos, uma rapariga de 26 anos e um rapaz de 18, que viu a tragédia da morte do pai “roubar-lhe” a prestação no exame de matemática de acesso à universidade.
Quando em serviço em Évora, Hermenegildo era habitual companhia do filho nas aulas de equitação que este realizava no picadeiro utilizado pela GNR.
“Os gaiatos eram o seu orgulho e grande alegria”, disse um colega do CTE, acrescentando que a ida para Timor teve como objectivo “ajudar os filhos a ter um futuro melhor e mais próspero”.
"Simples, dinâmico, comunicativo e muito positivo", revelou um dos seus superiores, que enalteceu o seu "fácil trato", com restantes militares da guarda.
No Bairro do Granito, onde mora a família, a notícia da morte foi recebida “como uma bomba”, deixando amigos e vizinho do pequeno aglomerado, mergulhado “na tristeza e no luto”.
“Foi muito duro. Um grande choque. Quando alguém desaparece as palavras parecem fáceis para enaltecer, mas, perdemos um grande profissional”, disse ao JN, fonte da guarda. A mulher do militar falecido, Helena, é auxiliar de educação numa escola primária.
A mulher do Cabo José Manuel Ferreira Branquinho soube do acidente por volta das duas horas, em Santa Comba Dão.
"Quando ouvi bater à porta e vi o carro da GNR na frente da casa, entrei em pânico. Futurei ao que vinham e temi o pior", disse ao JN Cecília Branquinho.
Sossegada quanto ao estado de saúde do marido, que após o acidente foi transferido para a Austrália para ser sujeito a exames, Cecília optou por não acordar os filhos, de 16 e 24 anos.
Durante a manhã de ontem, segunda-feira, chegou a informação à família de que o militar sofreu fractura da costela, do crâneo e da coluna. “Contaram que foi tudo ligeiro e que a situação era estável”, diz a esposa.
Às 11 horas, hora portuguesa, Cecília conseguiu finalmente falar com o marido por telefone. “Perguntei-lhe como estava e gracejou. É sempre assim, muito brincalhão. Disse-me que estava deitado, por isso estava bem!”, recorda a mulher.
José Branquinho tem 50 anos. Está há cerca de 30 na GNR. Em 5 de Abril partir para Timor, para uma missão de seis meses, integrado na Brigada de Minas e Armadilhas da GNR. O regresso está marcado para 4 de Outubro.
“Militar experiente e cuidadoso”, o acidente foi ontem justificado com uma eventual falha de travões.
Retirado de jn.sapo.pt
2-Equipa da GNR vítima de acidente ia desactivar explosivo em Viqueque
09h45m
Os dois militares sinistrados em Timor-Leste iam desativar um engenho explosivo encontrado em Uatulari, Viqueque, quando o jipe em que seguiam se despenhou numa ravina
Segundo o capitão Marco Santos, a viatura da equipa de inactivação de explosivos, acompanhada de outra viatura de escolta, com mais três militares e um elemento do INEM, que habitualmente acompanha esse tipo de missões, deixou a unidade de madrugada, para se dirigir ao distrito de Viqueque, na costa sul do país.
"O destino final era a aldeia de Uatulari, onde havia sido encontrado o que seria um engenho explosivo, que iriam neutralizar", disse Marco Santos.
O acidente ocorreu a cerca de 10 quilómetros de Manatuto, pelas 06:00 locais (22:00 de domingo em Lisboa).
"Numa curva à direita bastante apertada e em zona de escarpa, a viatura da frente não conseguiu descrever a curva e precipitou-se na ravina", contou.
"Os colegas do carro que seguia atrás aperceberam-se e procuraram de imediato aceder ao local, com o equipamento do INEM", prosseguiu.
"Quando conseguiram chegar ao ponto onde a viatura tinha caído, de difícil acesso, depararam com o condutor, o cabo José Branquinho, de Santa Comba Dão, aparentemente com escoriações e hematomas, enquanto era visível que o estado do acompanhante, o sargento-ajudante Hermenegildo Marques, de Évora, era já preocupante, disse o capitão Marco Santos.
O primeiro dos feridos retirado do local foi o cabo José Branquinho, que foi transportado com dificuldade através de uma linha de água, dado o local ser bastante íngreme.
"Hermenegildo Marques, ainda com sinais vitais recebeu logo ali operações de reanimação com oxigenação artificial, pelo elemento do INEM que acompanhava a missão, e foi-lhe feita oxigenação artificial até à chegada das ambulâncias", disse o capitão Marco Santos.
Os dois feridos foram transportados para a unidade hospitalar das Nações Unidas, em Díli, mas Hermenegildo Marques acabaria por falecer às 10:40 locais (02:40 em Lisboa).
O corpo de Hermenegildo Marques deverá seguir para Portugal, devendo os colegas prestar-lhe homenagem em cerimónia de despedida a realizar no aeroporto de Díli, nos próximos dias.
O cabo José Branquinho foi transportado para a Austrália, como medida de precaução, mas o seu estado é considerado "estável".
Retirado de jn.sapo.pt
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