Caso mais recente aconteceu este sábado. Militar de 30 anos estava «abalado» por ser transferido
Por: Sara Marques | 28-06-2010 18: 29
Um militar do Serviço de Protecção da Natureza da GNR suicidou-se este sábado com a arma pessoal. A informação foi avançada ao tvi24.pt pelo vice-presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, que explica que, com este, «já são seis casos de suicídios de guardas este ano».
O militar, com cerca de 30 anos, casado e pai de uma menina de 4 anos, entrou na GNR em 1999 e tinha sido promovido recentemente a segundo sargento. Segundo o responsável da APG/GNR, o militar, que reside no Porto, estava «abalado» pela decisão do Comando de o transferir de Gaia para Aveiro e encontrava-se mesmo «de baixa psiquiátrica».
«Inicialmente, ele pedido transferência por não estar satisfeito em Gaia, mas depois pediu que fosse anulada. Só que o Comando não autorizou a anulação» e continuou o processo de transferência, adiantou o vice-presidente da associação sindical.
O militar ainda procurou ajuda junto dos psicólogos da Guarda, mas, segundo fontes próximas, não terá sido «bem recebido». «Disseram-lhe para não ir para lá choramingar. E ele só conseguiu a baixa porque foi a um médico fora da Guarda», garante o mesmo responsável.
A APG/GNR, em comunicado, «lamenta este suicídio» e frisa que «na GNR continua a não existir medicina preventiva, o que para uma força de segurança, como se tem vindo a contactar, é por demais necessária».
Número de suicídios subiu em flecha
Refere ainda que «em 2007, foi criada uma linha telefónica de apoio ao suicídio, com o objectivo de se fazer face a estes casos e que, mais uma vez, se revelou é ineficaz» e lamenta a «passividade da Instituição e da Tutela para encontrar meios e formas de prevenir casos semelhantes». «Os meios existentes, os Centros Clínicos e as Juntas Médicas continuam a olhar para os Profissionais da GNR como máquinas e não como seres humanos que são», adianta o comunicado.
A APG/GNR afirma ainda que «a indefinição nas transferências, faz com que os Profissionais da GNR fiquem com as suas vidas quase paradas» e além da «inexistência de um horário de serviço», o que faz com que sejam «praticados horários desumanos que por vezes põem em causa a condição física e psíquica dos profissionais e o seu próprio discernimento para fazerem face às situações que possam ocorrer».
A associação lamenta ainda que a aprovação do Regulamento Geral de Serviço pelo Comando Geral tenha sido feita «sem que fossem auscultados os Profissionais através das suas estruturas representativas».
Até 2006 suicidavam-se em média dois elementos da GNR por ano, mas o número subiu em flecha. Em 2008, suicidaram-se 14 militares e até Outubro de 2009, o número já ascendia a oito suicídios.
Retirado de www.tvi24.iol.pt
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