segunda-feira, 28 de junho de 2010

SEIS SUICÍDIOS DE MILITARES DA GNR ESTE ANO


Seis suicídios de militares da GNR este ano


Caso mais recente aconteceu este sábado. Militar de 30 anos estava «abalado» por ser transferido

Por: Sara Marques | 28-06-2010 18: 29


Um militar do Serviço de Protecção da Natureza da GNR suicidou-se este sábado com a arma pessoal. A informação foi avançada ao tvi24.pt pelo vice-presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, que explica que, com este, «já são seis casos de suicídios de guardas este ano».


O militar, com cerca de 30 anos, casado e pai de uma menina de 4 anos, entrou na GNR em 1999 e tinha sido promovido recentemente a segundo sargento. Segundo o responsável da APG/GNR, o militar, que reside no Porto, estava «abalado» pela decisão do Comando de o transferir de Gaia para Aveiro e encontrava-se mesmo «de baixa psiquiátrica».

«Inicialmente, ele pedido transferência por não estar satisfeito em Gaia, mas depois pediu que fosse anulada. Só que o Comando não autorizou a anulação» e continuou o processo de transferência, adiantou o vice-presidente da associação sindical.

O militar ainda procurou ajuda junto dos psicólogos da Guarda, mas, segundo fontes próximas, não terá sido «bem recebido». «Disseram-lhe para não ir para lá choramingar. E ele só conseguiu a baixa porque foi a um médico fora da Guarda», garante o mesmo responsável.

A APG/GNR, em comunicado, «lamenta este suicídio» e frisa que «na GNR continua a não existir medicina preventiva, o que para uma força de segurança, como se tem vindo a contactar, é por demais necessária».

Número de suicídios subiu em flecha

Refere ainda que «em 2007, foi criada uma linha telefónica de apoio ao suicídio, com o objectivo de se fazer face a estes casos e que, mais uma vez, se revelou é ineficaz» e lamenta a «passividade da Instituição e da Tutela para encontrar meios e formas de prevenir casos semelhantes». «Os meios existentes, os Centros Clínicos e as Juntas Médicas continuam a olhar para os Profissionais da GNR como máquinas e não como seres humanos que são», adianta o comunicado.

A APG/GNR afirma ainda que «a indefinição nas transferências, faz com que os Profissionais da GNR fiquem com as suas vidas quase paradas» e além da «inexistência de um horário de serviço», o que faz com que sejam «praticados horários desumanos que por vezes põem em causa a condição física e psíquica dos profissionais e o seu próprio discernimento para fazerem face às situações que possam ocorrer».

A associação lamenta ainda que a aprovação do Regulamento Geral de Serviço pelo Comando Geral tenha sido feita «sem que fossem auscultados os Profissionais através das suas estruturas representativas».

Até 2006 suicidavam-se em média dois elementos da GNR por ano, mas o número subiu em flecha. Em 2008, suicidaram-se 14 militares e até Outubro de 2009, o número já ascendia a oito suicídios.

Retirado de www.tvi24.iol.pt

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