segunda-feira, 31 de maio de 2010

PSP ACUSADA DE MAIS AGRESSÕES EM LISBOA


Ninguém assume que os episódios de violência estejam ligados a grupos de extrema-esquerda
Por: Catarina Pereira /Filipe Caetano | 31-05-2010 13: 39

Dois novos episódios de violência que envolvem a PSP estão a ser divulgados com intensidade pela Internet. O facto de se terem seguido à mega-manifestação de sábado em Lisboa fez levantar algumas suspeitas de que estivessem ligados a grupos de extrema-esquerda. No entanto, ninguém o confirma.

No sábado, após a manifestação convocada pela CGTP, dezenas de pessoas juntaram-se nas Portas de Santo Antão, onde um indivíduo alcoolizado terá sido abordado por alguns agentes. Conforme as testemunhas se foram aproximando da polícia, esta decidiu intervir e há relatos de agressões .

Ninguém foi detido, confirmou fonte da PSP ao tvi24.pt, mas as imagens ilustram a confusão que se gerou naquela zona.

Tiago Galamba foi apanhado no meio da confusão, sem estar envolvido em nenhuma discussão, e levou três bastonadas. «Sou de Ourém e estava em Lisboa para participar na manifestação. Sou militante do PCP e já estava a regressar a casa, mas estava atrasado para a camioneta, juntamente com outros camaradas. Fui apanhado no meio daquela confusão e perdi o transporte. Ninguém me deu uma explicação e, ainda por cima, tivemos de dormir no chão em Santa Apolónia, porque não tínhamos dinheiro para regressar», revelou ao tvi24.pt.

Tiago assegura que nada tem a ver com grupos extremistas, muito pelo contrário. E até nem sabia o que era bastonadas: «Levei duas nas pernas e uma nas costas. Mas até comentei com os meus amigos que pensava que doía mais. Nunca me tinha acontecido. Acho que eles aproveitam a mínima coisa para malhar no pessoal».

Outra vez o Bairro Alto

Já na madrugada de domingo, cinco pessoas acabaram detidas por mais desacatos, desta vez no Bairro Alto. A PSP avança que foi chamada às 2h40, por estarem «indivíduos em desordem», que posteriormente «tentaram agredir os agentes». Nenhum dos polícias ficou ferido, mas outras imagens mostram como ficaram alguns dos detidos.

«Não conseguimos relacionar um episódio com o outro, nem temos suspeita de que tenha sido algo organizado», garantiu a mesma fonte, admitindo, no entanto, que a PSP já abriu uma investigação criminal para apurar se foi alvo de uma «emboscada».

Alexandre Gonçalves, fotojornalista e um dos detidos, contou a sua versão ao tvi24.pt. «Eu vi os polícias a espancarem uma rapariga e decidi fotografar. Tiraram-me a máquina, partiram-me o cartão, espancaram-me de cassetete na cara e agora pelos vistos ainda sou acusado de agressão», afirmou.

Confrontado com os rumores sobre grupos anarquistas, Alexandre garantiu que, tanto o próprio como os seus dois colegas que também foram detidos, não têm nenhum passado político. «Mas se calhar daqui para a frente até vou fazer parte desses grupos», brincou.

Os cinco detidos estão a ser ouvidos neste momento em tribunal.

Jovens espancados por polícias no Bairro Alto

Já o porta-voz da Direcção Nacional da PSP recusou comentar qualquer eventual ligação entre estes casos e grupos extremistas, porque «é exactamente isso que eles pretendem».

«Todos os países têm esses grupos anarquistas, Lisboa não é excepção. É natural que a PSP esteja atenta» ao avolumar da tensão social, disse ao tvi24.pt.

Quanto às acusações de violência policial, concentradas sobretudo num grupo do Facebook , o comissário Paulo Flor assegurou que «os primeiros indícios recolhidos pela PSP não dão conta de qualquer brutalidade policial».

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